sábado, dezembro 22, 2007

Pensamento

...Sete meses se passaram. Hoje, venho expressar a minha eterna gratidão para com todos que através de uma palavra, gesto, carinho, e oração estão nos ajudando a seguir nesta jornada, com a ausência do nosso primogênito ANDERSON MARCOS DE MIRANDA SOUTO.

Anderson que não foi apenas um Administrador de Empresas, mas sim uma pessoa incrível, admirado por todos que o conhecia, um filho maravilhoso, amigo, companheiro, dotado de uma inteligência como poucos... e a sete meses, órfãos de tudo isso!

Até quando meu Deus? Nós, seres humanos, especialmente, nós Pernambucanos, vamos ter que conviver com tanta violência, tanta bandidagem?

Perdemos um filho!!! Um filho que qualquer pai, mãe, irmão, gostaria de ter, mas não fomos apenas nós que perdemos o nosso Estado, ou porque não dizer, o nosso País, também, ficou mais pobre, pois perdeu um cidadão que tinha uma bagagem enorme, com objetivos a serem alcançados e com ideais positivos de mudança, sonhava com a UTOPIA.

Só quem teve o prazer de conhecer e conviver com aquela humilde criatura, sabe o quanto ele era uma pessoa capaz, perseverante em seus objetivos; Força para lutar nunca lhe faltava. Chegar a Diplomacia era a sua meta. Alguém duvida? Com certeza, não, os que o conheceu de perto.

Idiomas, músicas – com o seu inseparável violão – pesquisas, eram o seu passa tempo preferido. Percorrendo esse caminho só fazia amizades, o que ele sabia selecionar muito bem, e também a cultivá-las, o que era mais importante, ao ponto de seus amigos serem uma extensão de nossa família.

Difícil imaginar, que de uma hora para outra, perdemos tudo isso da forma mais brutal e cruel para um ser humano que só fazia o bem, pensando sempre no melhor para todos. Nunca mediu esforços para ajudar ao próximo em qualquer situação. Daí sempre me vem à pergunta: Meu Deus porque ele? Por que pessoas como ele? E só encontro uma resposta. IMPUNIDADE, IMPUNIDADE E IMPUNIDADE. Até parece que só bandido tem vez.

Na mesma semana que perdi meu filho, foi lançado um projeto do Governo do Estado de Pernambuco chamado “PACTO PELA VIDA”, o que mudou? Quantas vidas foram interrompidas nas mesmas circunstâncias da de Anderson? Na mesma imediação da Avenida Recife? Quantas vítimas nesse período? Não se sabe, mas acredito que, graças a Deus, tenham tido mais sorte. Mas, quais as providências tomadas pelas autoridades? Vale a pena amar esta Cidade? Este Estado? Este País? Pois, junto à dor que sentimos há sete meses, cresce a certeza da impunidade.

Quem ceifou a vida de Anderson, será que não repetiu, até mais vezes, o mesmo ato inconseqüente nesse período? Tomara Deus que não! Pois ele ou eles continuam por aí. Que tipo de justiça é a nossa? Até existe para alguns, claro, nada compensa a ausência de Anderson, mas amenizaria um pouco da dor, se já tivesse havido justiça, e passaríamos a acreditar mais em nossas LEIS.

Que valor tem a vida das pessoas que, como Anderson, almejava sempre o bem, acreditava em um Brasil melhor, achando que as noites que ficou sem dormir diante dos livros e seu computador, enriquecendo seus conhecimentos, pudessem fazer parte daqueles que engrandeceria um País que ele tanto acreditou.

Por tudo que ele foi nesta terra só nos resta agradecer a Deus pelo privilégio de tê-lo como nosso filho e poder, até mesmo, ter aprendido alguma coisa boa durante os 25 anos e 10 meses de convívio. VALEU FILHO.

Neste primeiro Natal que vamos passar sem a presença física de Anderson, na certeza de que ele está com Deus, em um cantinho muito especial, pedimos ao nosso PAI: proteção para todos, muita, mas muita Paz, até mesmo para os familiares dos que interromperam a vida do meu filho, pois não tiveram o prazer de ter um filho como Anderson, “mas tende compaixão Senhor”.

A todos que conviveram e conheceram Anderson, recebam um abraço afetuoso com muita paz neste Natal e que possamos viver sem violência. Vocês foram as pessoas selecionadas por Anderson, especialmente colegas de colégio, cursos e faculdade. Hoje vocês são os filhos adotados por nós.

Um beijo no coração de cada um escolhido pelo nosso inesquecível ANDRSON MARCOS DE MIRANDA SOUTO.

Uma mãe que chama por JUSTIÇA.

MARLENE M. DE MIRANDA SOUTO.


PS: Esse texto é da mãe do grande amigo que perdi esse ano, e que contribuiu aqui nesse blog, infelizmente não consegui divulgá-lo nos blogs da imprensa de PE porque a noção do que é notícia e do que não é, ainda é muito levada pelo impacto do momento. Mas o que importa é que as coisas precisam mudar, para que mais famílias nessa cidade, nesse estado, nesse País, não tenham que passar por isso.

Quero me retratar aqui pelo que falei em relação aos blogs, e mais do que isso agradecer ao Blog de Jamildo (jornalista do Jornal do Commercio de Pernambuco) por ter publicado o texto no seu blog, que é o de maior audiência do estado. Depois o texto foi reproduzido no PE Body Count que é outro site com um projeto super interessante, este é um instrumento ao combate da violência do estado pois permite mapear de forma independente os casos de violência do estado de Pernambuco. Fica aqui meu sincero agradecimento e minha humilde retratação, espero que esse tipo de atitude corajosa de Dona Marlene possa tocar o coração das pessoas, e que algo possa mesmo mudar.


Um comentário:

Anônimo disse...

Também sinto muito a falta deste grande irmão que carrego sempre no meu coração.
Sem dúvidas foi uma enorme perda para os brasileiros... e cada vez mais Pernambuco sofre com o descaso das autoridades que não diminuem a violência e pobreza do local.