sexta-feira, setembro 28, 2007

Loosing my Religion

É atribuída uma frase interessante a Russeau, que dizia abertamente que "o primeiro caba safado que cercou um pedaço de terra, devia ter levado uma camada de pau para nunca mais esquecer na vida" (tá ele não falou exatamente assim mas era isso que ele queria dizer).Há tempos atrás li em algum lugar que o mesmo deveria ter sido feito não apenas a quem fez isso, mas também com a primeira pessoa que se auto-intitulou "sacerdote" de algo, ou seja, à primeira pessoa que criou uma hierarquia, uma metodologia "do sagrado", o que poderíamos chamar de início da religião. O sacerdócio com certeza está entre as profissões mais antigas do mundo, não é preciso ir longe para comprovar o que estou dizendo, comunidades "primitivas" tribais, apresentam seus "Pajés" que são indivíduos diferenciados, com grande carga mística e com grande influência na sociedade destas comunidades.

A questão da moda é: O que é a religião e porque ela é tão importante? Uma das coisas que eu aprendi no mundo acadêmico é que até que chegue o dia que você tenha uma quantidade de trabalhos relevantes e vire alguém famoso, se torne referência em algum assunto, você é um merda e não pode chegar a nenhuma conclusão por conta própria. Bem, se por um minuto eu fosse alguém importante no mundo da "ciência da religião", eu concluiria simplesmente que a religião nada mais é do que a estrutural social que suporta, que ampara, o conceito de "Divindade" de forma coletiva.

Tudo que escrevi antes, foi a deixa para agora dizer que a religião é um "organismo" social, este organismo em si não está num contexto "divino". É interessante observar como o desenvolvimento da sociedade reflete na religião, e como essa se adapta ou se utiliza de mecanismos de defesa (o fundamentalismo por exemplo) assim como outras comunidades sociais tiveram que fazer durante toda a história para sobreviver.

Como uma coisa demasiada humana a religião tem seus problemas e virtudes. E mais do que isso, como uma organização muitas vezes sociamente hierarquizada, acaba refletindo posições pessoas de quem está no comando e por isso pode passar por fases mais apaziguadoras, e fases mais bélicas, mais conservadoras, mais liberais. A história está cheia de exemplos desses e não só no ramo da religião.

Mas e o que tudo isso tem a ver com o seu(e o meu) dia a dia? Estamos cercados pela religião, se não temos a nossa, com certeza esbarramos com quem tenha, seja na nossa família, no nosso trabalho, ou em qualquer lugar. A religião tem o seu papel seja no reforço do aspecto moral, seja na forma de permitir com que as pessoas compartilhem o seu pensamento com outras que tem uma filosofia de vida semelhante e que com isso reforce a experiência particular do "divino" num contexto geral social.

Muitos se perguntam então qual a importância da religião. Os Ateus dizem que ela não tem nenhuma importância, ou simplesmente sua importância reside em ser uma fonte de controle da moral para as pessoas de "mente fraca" (esse conceito é controverso e vale um post só para isso, fico devendo). Os religiosos dizem que a importância da religião é a comunhão com Deus, o conjunto de regras, o guia prático "chegue a Deus em 10 Mandamentos, ou 4 Evangelhos, ou 200 Suras". A verdade, a la Nietzsche, é que a religião é "humana, demasiada humana" e é aí que entra sua importância principal! Religião é CULTURA, religião não é um fóssil, é um organismo evolutivo de uma sociedade. Poucas coisas representam tanto um povo, uma identidade, do que sua religião.

Jesus Cristo, Moisés, Mohamed, entre outros, o que estes fizeram se não o fato de exteriorizarem sua experiência pessoal no "divino" a um nível universal e social (mesmo que não fosse as suas intenções)? Então quem está certo, se a inspiração é a mesma? A resposta é que não existe religião certa, ou melhor, corrigindo, não existe religião errada. Não se importe em querer mostrar que a sua está correta, e não se sinta atingido quando disserem que a sua está errada, seja feliz, e não viva o social esquecendo a experiência interior, esse é o grande erro que ocorre hoje em dia. E não esqueça: "Não cobice a mulher do próximo, ame a todos como a si mesmo, e seja tolerante e justo"

Que Alah nos abençoe!

terça-feira, setembro 25, 2007

Do lado certo da Sociedade

Diante da vasta mata de bananeira, Murici, estava eu perplexo. O segundo maior fragmento de Mata Atlântica ao Norte do Rio São Francisco teria sobrevivido a séculos de devastação graças a dificuldade de acesso, que faz atolar até caminhonetes 4x4. Do outro lado, a fazenda de Renan Calheiros, que me deixava perplexo pela condição de Feudo medieval que deixava a região. Mas é coisa do Nordeste! Coisa da Europa! Bem, pelo menos um feudo é acima dos neolíticos índios. O que temos é democracia grega junto com poder católico com ética protestante com produção econômica de mercado. Parece que as coisas não param de acumular. Do outro lado é o MST, fortíssimo em Murici, preparando talvez uma revolução algo-chevique, ou revolução francesa. Disputas de poder das mais convencionais para a história humana.

Mas talvez que tentamos negar, que algum dia teremos que protestar, exigir que o mundo se torne mais justo, mais honesto, mais religioso, menos religioso, mais divertido, menos violento. Talvez pegando armas, talvez ficando com fome, talvez deixando de pegar ônibus.
Será que algum dia a sociedade brasileira vai tomar alguma atitude do tipo? Não adianta exaltar nossa condição preguiçosa. Um dia a casa cai, é apenas normal para o ser humano.

É uma verdade que nesses 14 mil anos de história e pré-história o homem não melhorou suas condições de vida, e hoje, não é um ser mais feliz do que já foi. O homem é capaz de sorrir no meio de cadáveres numa guerra e de cometer suicídio em meio a uma vida inteira de amor, carinho e segurança. O que houve com a época em que conseguíamos decorar a história inteira dos nossos antepassados, em detalhes, após ouvir uma única vez? Ou de conhecer todos os caminhos, pedras e árvores do nosso meio? O que nós sabemos hoje em dia? O que aprendemos na escola? Vale?

Eu ficar reclamando de Renan? Um dos milhares que já vieram antes no Brasil e não fizemos nada? Sou Contra reclamar. Para mim tudo está ótimo. Viva o Senado. Se eu achasse ruim iria protestar, tentar me eleger no senado, cometer um atentado, jogar um ovo na cara dele, deixar de pagar imposto, me matar, me fantasiar. Mas tudo está ótimo, tenho uma família que me ama, um playstation 2, que vou jogar agora porque já estou sem saco mais de escrever. Será que vou conseguir derrotar aquele bicho de Final Fantasy? Se não, vou ficar mais triste que o trombadinha da rua. Mas está tudo bem, não vou protestar sobre isso na rua. Hum, talvez minha cidade pudesse ser melhor, mas vou ficar aqui esperando o pessoal capacitado fazer alguma coisa, eu faço o meu. Jogar playstation 2.

Como eu disse acima do post, essas condições de estresse em uma sociedade nunca duram muito tempo, logo o povo se revolta e aí vai ficar tudo bem. Vou ficar aqui só esperando. Espero não morrer de tédio antes!

sexta-feira, setembro 21, 2007

Viva o Brasil! Fica Renan! Abaixo a Mídia Golpista!

Um dia passando por uma loja vi na vitrine uma TV passando um vídeo de um show da banda Calypso, eu fiquei abismado, era uma superprodução com um telão enorme mostrando a cara de Joelma com aquela sua voz fanhamente sexy (sim estou sendo irônico) a primeira coisa que me veio a cabeça foi um show do U2... Naquele momento pensei comigo mesmo "cada País tem o U2 que merece".

Quarta retrasada eu vi um dos maiores papelões da democracia brasileira, mas depois que a revolta do momento passou... Pergunto-me se realmente não foi feita "justiça" com o senhor senador Renan Calheiros, pois o Brasil tem o presidente do senado que merece, já que vivemos num país que pratica a democracia das bananas e vive a ética do umbigo. Hã, como assim? Calma, vou explicar exatamente o que cada um desses conceitos significa.

É mais do que batido que a democracia é uma "merda", é baseada num conceito de maioria, mas se eu tiver 100 pessoas e 51 decidirem algo, as outras 49 precisam acatar a vontade dessa "maioria"? É justo isso? Sim, claro, segundo a democracia, o sistema mais perfeito que existe, isso é justiça democrática! A grande porcaria é que se a democracia é uma merda, seus concorrentes são ainda piores, então vivemos a máxima "dos males o menor".

Mas a incrível contribuição brasileira a essa "fantástica" idéia é a banana para o povo! "Panis et Cicensis"? Não meu "velho", é banana pra você! Os políticos só precisam do povo no período de eleições, e depois é banana (aquela com o braço mesmo) pra você. Aos mais pobres os cachos maduros, mas pequenininhos, que tem nomes bonitos como "bolsa escola", "bolsa gás", "bolsa família" porque como os grandes devem pensar, pra quem não tem nada um pouquinho já basta (E olha!!! Funciona!!!). Para a classe média? Um cacho verde e meio intragável, mas esse enorme: Impostos, e mais impostos! Vai reclamar? A economia está boa e isso é o que importa!

Na democracia das bananas as melhores bananas ficam para aqueles que “democraticamente” mudem sua ideologia. Vote na minha CPMF que você ganha uma enorme banana na Petrobrás, ou prefere Dnits? Quem sabe no Banco do Nordeste? Ah vai, na Caixa está ótimo não está? É banana de primeira! Não se prenda a conceitos ultrapassado de "o que é certo", "o que é bom para o povo", "o que minha consciência me diz", "não posso trair minha ideologia". Temos uma linda plantação de bananas e se precisar plantamos mais pés (nada como cargos comissionados) tem pra todos que possam dar algo em troca claro, afinal toda alma tem seu preço (em bananas)!

A incrível democracia das bananas funciona no Brasil graças a filosófica "ética do umbigo". Que é nada mais nada menos do que o pensamento: "o que importa é o meu umbigo". Se o umbigo é do outro? Quero mais que inflame! Só é errado nepotismo se o político não for meu tio, só é corrupto um governo se eu não recebo bolsa família, ou não ganhei meu emprego na prefeitura ou numa assembléia legislativa. Eu quero mais é ganhar o meu o resto é que se dane. Claro que qualquer um pode rebater que pior é deixar as pessoas sem nada, como muito se foi feito nesse país. Mas a verdade é que o certo também não é o assistencialismo e sim oferecer oportunidades iguais de educação e saúde a todos, para que cada um possa ter condições dignas de ter uma vida melhor, e isso é obrigação constitucional dos governos. Mas a ética do umbigo não permite se ver além... do umbigo.

As pessoas parecem esquecer que todo político um dia veio do povo, já foi da UNE, e já fez parte de algum movimento sindical (biografia básica de político, já reparou?), ou seja, o que eles fazem são o espelho de nossa sociedade, e não é nada mais do que muitos fariam se estivessem no mesmo lugar. Sempre dizem que o povo vota mal... o povo não vota mal, simplesmente não faz muita diferença em quem votar. E temos a manias de acharmos bonita a esperteza, quem se dá bem por burlar regras, a máxima do "não importa se 30 pessoas então obedecendo a fila, se um furou eu vou furar também".

Talvez a diferença do povo para os políticos, é que estes últimos chagaram num ponto que simplesmente perderam a noção do tamanho do seu próprio umbigo, e às vezes este pode até os engolir...