sábado, abril 01, 2006

Quero ser George W. Bush!

Quando comecei a ler "As Aventuras de Marco Polo" observei com grande carinho as babações que este fazia em direção ao seu patrocinador, Kublai Khan, grande imperador da cultura que hoje vemos como China (a Mongólia foi só de onde ele veio - ele morava em Pequim). O tal celeste chefe era o ditador benevolente, conciliador e de fato teria construído um império por merecer, com uma rede vasta de informações e dominância baseada em representatividade, alianças e é claro muita riqueza, o que não queria dizer que seu exército era de segunda, ninguém se metia com aqueles que descobriram a pólvora há tanto tempo, mas a força era acionada menos do que se imagina.
Se o bicho que se faz com a ditadura é um barulho, mais três gritos para a democracia que nós temos.
Não, claro que eu não quero me tornar um Darth Vader e passar o sabre de luz na galera para dar o poder a alguém. Mas olhando de perto, qual país desenvolvido possui a democracia nos moldes das que são aplicadas nos países sub da Ásia, América e África? o paradigma mundial é a economia, e aquela onde cada homem é sua própria empresa, idéia puxada pelos EUA, o líder-modelo. Faz você pensar que escondem o doce de nós, que se desenvolver é uma patente onde é preciso pagar "royalties" na forma de mào de obra barata. É a visão clássica do Capitalismo, onde ele depende da corrupção para sobreviver, já que se todos forem realmente iguais como prega a democracia, o sistema rui. Bem nào acho que chegaria a ruir, mas muito privilégio iria por água abaixo, se o mundo rico tem suas patentes quebradas, como iria sobreviver - quero dizer, para se alimentar dependem das ricas terras férteis dos países pobres, não plantam tanto, nem têm onde plantar, afinal suas terras são praticamente desertos... Pois é, eu acho que população alta em um deserto é um privilégio considerável.
Sim, vivemos num mundo cão, onde César e Kublai queriam reverência, os Papas queriam fiéis, Napoleão queria que todos fossem cidadãos franceses - Hitler que todos fôssem alemães, George Bush quer que todos sejamos seus clientes, e o que todos querem são impostos, basicamente. "Eu quero o emprego de George Bush porque vejo que é possível ser um bom soberano, uma boa polícia do mundo e um bom exemplo". Mas olha só que venda barata da nossa alma para o diabo. Viver o "live and let die" da ONU e deixar o mundo pegar fogo aos poucos através de embargos econômicos. Não dá para implantar a democracia feudal latino americana porque o povo pobre e deseducado não passa de vassalagem. Como educar o povo contrariando os interesses dos chefes locais que querem a desigualdade?
Não há jeito então, não vou me meter a acelerar os processos mundiais de aperfeiçoamento político-social e essa eugenia expurgando as velhas classes dominantes. Viva a nossa elite, a mais burra do mundo, e viva a sangria da nossa terra, para alimentar as bocas alheias em troca de sonhos fúteis. Viva os aiatolás e Hugo Chávez, e é claro, viva George Bush e sua politica de dominação tímida - É claro, eu faria muito melhor que ele, ganharia mais dinheiro e não me queimaria com a mídia, mas achar que vou melhorar o mundo com esses "trabalhinhos sociais" como a redemocratização do Iraque, que nada, o homem é o lobo do homem. E a próxima vez que aparecer no Brasil um escândalo de cair o queixo, olhe para a sua barriga e diga "não faria melhor?".

sábado, março 11, 2006

Trair e Coçar, é só Começar?

Não preciso dizer o óbvio. Mentir pra si mesmo, se enganar, acreditar em fábulas criadas em sua própria mente é um dos esportes favoritos do ser humano. Se eu fosse listar as maiores mentiras que a maioria das pessoas preferem acreditar que é verdade, com certeza "Quem ama não trai" estaria no top 10. Não concorda comigo? Ótimo, vamos ver se no fim do post você mantém a mesma opinião.

Primeiro é importante entender o conceito do que é uma pessoa fiel, segundo o dicionário:

fi.el adj (lat fidele)
1 Que guarda fidelidade. 2 Que cumpre aquilo a que se obriga. 3 Que tem afeição constante. 4 Leal. 5 Honrado, probo. 6 Exato, pontual. 7 Verídico. 8 Aplica-se à memória que guarda ou conserva com exatidão as idéias. 9 Infalível. 10 Constante, firme, perseverante.

O fato de ser leal, honrado, probo, verídico, são qualidades que não são condicionadas ao amor, mas a ética e a moral, enquanto que ser constante, firme e perseverante estão ligadas também a personalidade. É preciso dizer também que em primeiro lugar temos que ser fiéis a nós mesmos, respeitarmos o que acreditamos, nossos limites, e nossas capacidades. Aquele não que consegue sequer ser fiel a si mesmo já começa com a balança desiquilibrada e a tendência é que piore quando exteriorizamos nossas características.

Primeiro temos que diferenciar um pouco as pessoas que cometem as infidelidades: Aquelas realmente desprovidas de caráter e aquelas que possuem (ainda) o senso de moral:

As primeiras foram condicionadas a comportamentos infiéis, mentem e enganam compulsivamente, não podem rejeitar um rabo de saia, ou enganar alguém, ou mudar de lado constantemente, ou até têm uma personalidade fraca ou deturpada mesmo, com o passar do tempo isso acaba se tornando muito mais um comportamento costumeiro e incrustado na personalidade e sabemos que quando algo se torna costume é difícil de desvencilhar.

Já no segundo caso temos aqueles que de repente acabam cometendo um erro, um deslize (errar não é humano?Acontece). A característica fundamental desse tipo de pessoas, que possuem um comprometimento moral mais forte, é a culpa. Diferente dos outros tipos que eu citei onde a culpa foi exterminada pelo cotidiano, essas pessoas realmente se sentem mal ao fazerem algo de errado

Vamos ao ponto chave, os brutos também amam? Então porque os infieis não? O amor pode ser uma fonte de reabilitação pra aqueles que querem mudar, mas não basta apenas se apegar a paixão, ao amor, é preciso criar uma consciência ética e moral, assumir que se tinha (ou tem) um comportamento errado é o primero caminho, pedir desculpas sinceras a quem foi magoado no passado (limpar a ficha) também é uma ótima pedida.

Isso é importante porque podemos dizer que existem duas cordas que prendem as pessoas num relacionamento, o respeito e o amor, nas pessoas desprovidas de um comportamento moral, quando se sentem realmente envolvidos num relacionamento, o respeito e o amor estão tão entrelaçados que quando a corda do amor se parte leva junto a do respeito. É por isso que é preciso se separá-las.

Da mesma forma aqueles que tem uma forte presença moral, mesmo com pouco amor, dão conta do respeito, e geram relações estáveis com as pessoas na sua vida, com isso mesmo que os sentimentos acabem, terão amigos pra vida toda.

Podemos concluir expondo dois quadros básicos: É possível se trair mesmo amando alguém, assim como é possível não trair mesmo não se amando. Somos responsáveis por nossos atos, e também por como eles interferem na vida de outras pessoas, por isso devemos sempre agir com responsabilidade. Seja sincero com quem se ama e com quem não se ama também, essa é a maior prova de fidelidade que se pode dar hoje em dia.

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Dois mundos e valores Moraes - O TAO de Vinícius

É melhor ser alegre do que ser triste, mas para fazer um samba com beleza é preciso um bocado de tristeza... senão não se faz um samba não!

O Yin e o Yang dessas duas proposições contraditórias poderiam ser muito bem interpretados pelo bibliotecário do grande Império Chinês (Lao Tzu) como "O ser e o não ser... necessidade da complementariedade... valor intrínseco do vazio (tristeza). A interpretação chinesa para esta frase poderia se tornar tão convincente, que um poderia se perguntar "Que monge o "poetinha" foi!". Só que litros de Whisky ou nove casamentos nunca foram considerados caminhos para a iluminação e a autorealização. Mas teria um sábio a ousadia de interpretar "...É melhor viver do que ser feliz"?

Esta frase uma vez foi requisitada na forma inglesa para a versão musical que Edu Lobo estava compondo (junto com Moraes). O redator americano logo discordou "não, não, não! (no, no, no!)... Está errado (ao pé da letra seria "It's better to live than to be happy"). O certo seria "É melhor viver E ser feliz"". Um chinês responderia o mesmo, baseado no taoísmo. O pulo do gato está no contraste dos pensamentos do Oriente com o Ocidente - O TAO do primeiro está profundamente enraizado nos costumes de repressão dos sentimentos primitivos (dor, alegria, paixão, tristeza, etc.), considerados a expressão de uma alma primitiva. Teria Arjuna, com todo o seu exército, realmente dado fim aos seus semelhantes no Bhagavad Gita ao proclamar, repentinamente para Krishna, sobre o amor ao ego:

...Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama



Minha viagem mágica pelo mundo do TAO de Vinícius de Moraes começa em um ponto de contradição dentro do pensamento TAO tradicional: A passividade não é a única face do equilíbrio - ele também pode se manifestar em extremos que se cancelam mutuamente. Em termos físicos, incluindo Vinícius no Tao da Física, pode-se exemplificar como "equilíbrio estático vs. equilíbrio dinâmico". Externalizar o pensamento fora do intuitivo não é o caos. É pôr em cores a existência humana, é exercer a não-linearidade, maior trunfo da vida; A aleatoriedade, o livre arbítrio e a evolução das espécies - "três faces de uma mesma moeda". Exercer o equilíbrio dinamicamente é criar histórias, é saber que não se avança nem se recede, na vida apenas se traça curvas que não podem ser traçadas novamente. É saber que o maior legado que se pode deixar nesta vida é a saudade.

Saudade não é sentir falta - a pessoa ainda está lá no coração da outra.

Viver o TAO dinamicamente é saber pulsar a energia do corpo, em um ritmo e itensidade próprio. É gerar sintonias e ser sintonizado por outros. É ser um rádio, passivo e ativo ao mesmo tempo. É buscar a alegria e curtir a tristeza.

Só Me Fez Bem

(Edu Lobo e Vinicius de Moraes)


Não sei se foi um mal
Não sei se foi um bem
Só sei que me fez bem
Ao Coração
Sofri, você também (você também sofreu)
Chorei, mas não faz mal
Melhor que ter ninguém (ninguém não coração)
Foi a vida, foi
O amor quem quis
É melhor viver
Do que ser feliz
Foi tudo natural
Ninguém foi de ninguém
Mas me fez tanto bem
Ao Coração

Juventude Transviada ou Ato Contrário a Massificação da Personalidade

Estava o caríssimo que vos escreve procurando um arquivo na pasta de intens recebidos pelo MSN quando percebe algumas fotos que lá estavam, de amigos da minha "doce" irmã. Não caros leitores, não estava cascavilhando as coisas dela, por preguiça de configurar um perfil para minha irmã, nossos MSN's salvam os arquivos na mesma pasta. Bem não pude deixar de notar uma seqüência que se repetia nas fotos, adolescentes sem camisa musculosinhos e fazendo pose rídicula (mãos debaixo das axilas [ou suvaco se preferir], com os polegares para fora, e colocados pra cima, por sinal essa mesma posição estava em todas as fotos). Pra complementar ainda mais, tinha também algumas fotos de Chorão (é aquele do Charlie Brown Júnior) posando para fotos, também fazendo poses ridículas.
Só de imaginar Chorão como exemplo, ídolo adolescente a ser seguido, eu começo a ter náuseas. Sem tirar um bocado de garotos de 15 anos se achando os gostosões fazendo pose ridícula a lá KLB. mas porque imitar gente desse tipo? Porque seguirem o mesmo comportamento grupal? Realmente vivemos num mundo onde a personalidade, onde o fato de ter um diferencial, e de buscar esse diferencial é cada vez mais deixado de lado. A massificação ocorre em todas as frentes, as pessoas buscam uma necessidade de se agruparem e seguirem modismos.
Então parei pra tentar entender porque isso ocorre, é não é muito difícil chegar a uma conclusão... é simplesmente porque é mais fácil ser assim, e o mais incrível é que isso funciona!!!!
É simples mesmo, você deixa de ser "o indivíduo" pra ser "algum indivíduo", na lógica isso deveria ser roubada, mas se usarmos a mesma lógica chegaremos a conclusão de que não tem nada de roubada, pelo contrário... ainda acham que eu estou louco ou falando besteira? Então vamos fazer uma analogia...
Supondo que você caro leitor fosse a um supermercado comprar maçã, e chegasse lá tivessem uns 150 tipos da mesma, com diferentes tipos de sabor, cores, texturas, e outras características, ia ser bem complicado escolher uma não acha?
Mas o que acontece é que simplesmente você vai no supermercado e tem maçã verde e maçã vermelha, você não vai pensar muito, tem 2 tipos pra escolher, e dentro daqueles tipos a que você pegar está de bom tamanho, pois possuem características praticamente iguais.
É mais ou menos assim que a coisa funciona, Patys e Mauricinhos, Góticos e Metaleiros, Pagodeiros e Bregueiros, é muito mais fácil ser notado, ser "escolhido", assumindo uma característica massificante do que sendo único. Vejam que estratégia estraordinária... sim caros leitores não posso deixar de admirar que tal estratégia seja tão inteligente na sua essência (mesmo que quem a siga nem se dê conta disso).
Mesmo assim sou contrário a isso, porque acho que as grandes idéias, as mudanças significativas, vêm quando as pessoas colocam sua pessoalidade pra fora, deixam de ligar pro que os outros pensam, e se colocam a margem do mundo massificado, tendo assim uma visão exterior dos acontecimentos.
Por isso esse é um ato contrário as massificações, ou melhor... vamos massificar o diferencial entre todos, sejamos cada um nós mesmos e vivamos isso, pode ser o jeito mais difícil, mas quem disse que o jeito mais fácil de se fazer algo é o melhor?